segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dinheiro sujo nas mãos de pessoas porcas.

Uma vez me disseram que é preciso correr atrás dos seus sonhos, mas outras vezes vi gente apenas dando dois passos, com um cafézinho na mão e uma nota de dinheiro na outra, até o seu superior. Dava no mesmo, se eu fosse um tipinho de gente, desse aí que tem em todos os lugares e de grande número, esse de gente mesquinha.

Perdendo para se machucar.

  Laura tinha de tudo, tudo que os demais não possuíam. Carro importado, triplex na Rua Augusta, casa na praia, closet, salão todos os dias, festas todos os finais de semana, jatinho particular e todas as coisas que poucos tem e muitos não. Além disso, era amada por todos ao seu redor. O marido havia deixado os negócios da família nas mãos dos funcionários para viajar. Filhos ainda eram apenas planos, primeiro viria uma lua de mel prolongada com férias da socialite. Depois do passaporte, visto, viagem de 22h para Austrália dentro de um avião, a sós estavam, naquele hotel cinco estrelas. Não tinha o que por e nem tirar, era perfeito, comida deliciosa, funcionários receptivos, piscina, massagistas... Mas o que eles mais gostaram foi da cama que nem fazia barulho naqueles momentos mais íntimos. Amaram, na verdade, já que não arredavam o pé para fora. Fazia quinze anos que eram casados e vinte que se conheciam. Laura vivia intensamente, muito agitada para uma mulher de 35 anos, engraçada, inteligente, solidária... Laura sempre teve muita curiosidade nos campos sobrenaturais, vinha querendo saber mais sobre os mistérios do universo. Fazia yoga e balé, ajudava tribos indígenas e orfanatos, lia muito e sorria mais ainda, pois o seu desejo maior era deixar aos seus amigos e familiares um pouco mais de amor em vez de dinheiro. A coitadinha chorava só de pensar em magoar o marido. Sempre buscava dar o seu melhor e trabalhar no seu pior. Ela própria fez o jantar em todos os dias que ali ficaram, sem contar que ficava com ele nos seus braços ouvindo ele reclamar do trabalho até adormecer. Minutos antes de partirem, Laura pega o celular do esposo para ler as mensagens que eles trocavam desde o início do namoro em que ali estavam guardadas, quando ela é surpreendida por mensagens de outra mulher o chamando de amor e deixando explícita a traição. Não deu tempo de ver os outros torpedos, Laura começa a ter uma dor de cabeça fortíssima e lá estavam os médicos presenciando mais um caso de Derrame. Quanto ao homem que tinha uma aliança igual a da vítima, deve estar em algum lugar do mundo pagando pelo o que fez. Provavelmente, com a sua única companhia: a solidão.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pensando alto.

  Às vezes, sinto vontade de ir embora para longe, não levar nenhuma bagagem, nenhuma roupa, nenhum objeto, nenhum ressentimento, nenhuma lembrança, ir limpa para recomeçar. Poderia ser na Austrália, Hirlanda, Suécia ou em qualquer outro lugar. Quem sabe um lugar em que o clima me faça querer correr para uma lareira, tomar um chá, ler e fazer essas coisas que dizem caber mais para gente velha. Mas não sei porque associam isso como se fosse chato. Gosto tanto de vovós e vovôs, são calmos, atenciosos, interessantes, vividos e outras mil coisas que fazem com que uma conversa com eles pareça uma viagem no tempo. Mas voltando para o que eu estava dizendo sobre deixar tudo aqui e cair fora... Até desejo fazer laços novos, amigos e quem sabe até um namorado. Também desejo um emprego novo, um apê novo, um café na esquina de casa, uma bicicleta, apesar que sempre acabo achando que do meu travesseiro vou sentir falta. Mas como disse só penso essas coisas de vez em quando, pois volto para realidade e vejo que aqui não tenho bem isso, mas tenho meu travesseiro gelado, meu emprego que sustenta essa kitnet, o chá de cidreira que roubo do jardim do prédio e tenho uma estação perto daqui que me possibilita encontrar alguns amigos e ir num café, conversar, rir e tirar um pouco dessas besteiras da cabeça.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Com um pouco de Vodka, palavras saem sem controle.

Achavam que ela era forte, mas poucos sabiam que por de trás daquela rispidez havia muito amor e um passado com muita dor. Tudo indica que toda essa indelicadeza quer dizer apenas uma coisa: medo de perder-se ou medo de perder alguém.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Foi um choque com dor nada passageira, com ardência e com difícil aceitação. Não é para menos, não deu nem para se despedir. De um dia para outro, lá estava ele, num infarto, numa maca, numa cova, enterrado e sozinho. Ele se foi e isso não quer parar de doer dentro de mim. Todas as coisas que ele disse vinham daquela alma, dessa que dizem que temos, um pouco mais parecida com um abismo. Ele se foi tão novo, tão talentoso e tão especial. Tinha sede em saber mais sobre ele, a vida, o mundo. Era um pouco eu ou eu que sou um pouco dele. Agora, até torço para que exista um lugar melhor do que aqui para ele. É um pouco religioso isso, nada vê comigo, mas nessas horas apelamos para que haja saída. Afinal, tiraram a vida dele e tiraram a vida dele da minha. Quando eu ouvir Beatles sempre terei alguém que vou lembrar e se eu não ouvir, também. Espero te encontrar um dia, Clark.

"You may say I'm a dreamer, but I'm not the only one. I hope some day you'll join us..."
                                             
                                            

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Se rompendo.

  Cansei de ver pessoas mentindo o que sentem para aumentar o ego. Cansei de ver pessoas mentindo o que são só para impressionar outras. Cansei de ver pessoas magoando outras, pedindo desculpas e cometendo o erro de novo, de novo e de novo. A desculpa mais conhecida é: "Desculpa, é meu jeito". Pois eu também tenho um jeito e tento moldá-lo, acho que é falta de vontade ou falta de vergonha na cara mesmo. Mas isso não é nenhuma novidade, se formos pensar que mudança de temperamento repentina virou moda e, consequentemente coisa bonita... Minha avó diante disso diz "Onde o mundo vai parar assim?" Eu já respondo que em coisa boa que não vai ser, mas que eu vou parar é bem longe de gente assim, ah se vou, já estou indo. Pelo visto, todo mundo está tirando a máscara e deixando a deformação transparente. Uma coisa que não me adapto é com esse esse tipo de pessoas que não cuida de si e atrapalha os outros. 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Solidão.

  Digo que não ligo de ficar sozinha, já me acostumei, desapeguei e vou indo, para onde a vida me leva, para onde minhas escolhas me empurram. Mas sabe aquele dia em que você acorda, esquece de pensar no dinheiro, no trabalho, no almoço e em arrumar a casa? Naquele dia em que você olha para você e pensa: "Nossa, o que ando fazendo comigo, olha o meu estado. Esse ar de cansaço e de tristeza. Desde quando estou assim?". Sempre achando que pode lidar com tudo sozinho, que já superou tantas coisas e passou a ser forte. Não, não passou a ser forte coisíssima nenhuma. Só virou um covarde, guarda tudo para si, para dentro. Não estou te julgando, afinal, às vezes, é só uma maneira de se proteger. Mas isso acumula, deixa-te amargo. Uma hora dessas você cai na real, começa a chorar e acha que você é um fracote. Mas você não é um fracote, você é um mero ser humano. Como todos, talvez um pouco orgulhoso, talvez um pouco ríspido, mas de carne, osso, cabeça e perdido, tentando achar um modo de se encaixar, no fundo, se encontrar. Ainda sonho em encontrar alguém nessas ruas tão cheias e, ao mesmo tempo, tão vazias. Não ligo em ficar sozinha aqui e ali, mas a vida toda, nananinanão. Se o mundo possui bilhões de pessoas, devemos estar fazendo algo de errado, vivendo cada um em seu casulo.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Adeus você

  Iludiu-me, olhou para mim com olhos brilhando, abraçou-me forte me dando segurança, beijou-me demoradamente, deu-me ilusão de intimidade e até falou coisas bonitas. Mas também não esqueceu de ignorar, de ser grosso, mentiroso e  fingir de mim gostar. Nunca tinha sido tratada dessa maneira, talvez, por isso fosse interessante, era novidade, era loucura, menos amor. Havia cansado de homens que me davam tudo o que eu queria, de flores, presentes até carinho. Sempre gostei da intensidade, mas gosto bem mais das dúvidas. O barco estava afundando quando, finalmente, resolvi me jogar. Mas por sorte do destino, consegui mergulhar e chegar até o solo. Hoje, vou dar uma chance para quem faz por merecer, mas primeiramente, vou dar uma chance para mim, a de ser feliz longe de você.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Esperando por aquele que não sei o nome.

  Já passei algumas noites pensando em alguém, mas hoje deito na minha cama, coloco a cabeça no travesseiro e tudo o que faço é me entregar, ao sono. Que falta tenho de ousar sentir saudades, de até sentir medo do que o outro possa pensar e de não querer outro alguém por saber que o que preciso está logo ali. Você sabe que está parecendo uma boba apaixonada quando vê que aquela pessoa e que tal, estranhamente e rapidamente, fez com que você se sentisse como nunca outra pessoa tivesse conseguido. Estava ali, na sua frente, esperando você se entregar para fazer o mesmo. Não que estivesse seguindo alguma regra, apenas não queria pular na cachoeira sozinha.
  Sinto falta de sentir, sinto falta de companhia. Espero por alguém, não que eu procure. Relacionamento bom para mim é quando eu quero, não quando preciso. Precisar é doentio, precisar machuca a gente. Penso que vai demorar para aparecer o amor por aqui, pensando bem, até acho melhor. Assim, vou lembrando de algumas almas perdidas que conheci, pegando experiência para quando ele estiver próximo eu não ter dúvidas que é esse cara quem vai fazer com que minha dureza vá embora.
  Não espero por muito não, desde que o sentimento seja recíproco, o resto é pouco, o resto ajeitamos. Que seja branco, negro, oriental, gordo, magro, baixo ou alto. Com cabelos pretos, castanhos, ruivos ou loiros. Com olhos cor de mel, verde, azul ou castanhos. Católico, budista, adventista, ateu, judeu, evangélico ou protestante. Não importa. Mas que seja ele, de bilhões de pessoas, necessariamente ele.